Ampliação de bases, exercícios com Belarus e declarações hostis reacendem temores de confronto direto entre Rússia e Europa. Especialistas projetam: "Putin pode testar a OTAN até o fim da década".
Com novas movimentações militares às portas da Europa, o cenário de segurança internacional entra em uma fase crítica. A Rússia iniciou a ampliação de bases militares em áreas estratégicas como Petrozavodsk, perto da fronteira com a Finlândia, e outras regiões que fazem divisa com países-membros da OTAN. A informação foi divulgada pelo Wall Street Journal,, com base em fontes militares e imagens de satélite recentes.
Além das obras de infraestrutura, como novos armazéns, moradias e trilhos ferroviários nas divisas com Estônia, Noruega e Finlândia, a Rússia iniciou a expansão de pequenas brigadas para divisões de até 10 mil soldados, segundo análise de Emil Kastelhelmi, da consultoria OSINT Black Bird Group.
O anúncio de que, no próximo outono europeu, ocorrerão os exercícios militares conjuntos Zapad-2025 entre Rússia e Belarus – os mesmos que antecederam a invasão da Ucrânia – reacendeu preocupações. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy alertou que tais manobras poderiam ser uma cortina de fumaça para um novo ataque, potencialmente contra Polônia, Lituânia ou até mesmo a própria Ucrânia.
A Polônia já reagiu. O vice-ministro da Defesa, Cezary Tomczyk, anunciou que manobras em larga escala serão realizadas com apoio da OTAN para responder à ameaça. Paralelamente, autoridades alemãs e britânicas trabalham com cenários reais de guerra. Uma simulação no Reino Unido revelou que a Força Aérea Britânica poderia ser dizimada em poucas horas de um conflito de grande escala.
A ambição de Putin também foi descrita em publicações internacionais como The Hill e Bild, que relataram planos do Kremlin para reintegrar países do antigo bloco soviético e da Europa Oriental, incluindo Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Bulgária, Eslováquia e Polônia – todos membros da OTAN.
Nikolai Patrushev, presidente do Colégio Naval e aliado próximo de Putin, acusou a OTAN de planejar a “captura da região de Kaliningrado” e advertiu que a marinha russa responderia caso "instrumentos diplomáticos falhassem". A propaganda russa, segundo veículos como The Moscow Times, tem reforçado a retórica beligerante, com ameaças a Londres e à França.
A inteligência alemã acredita que Putin poderá testar o Artigo 5 da OTAN – que determina que um ataque a um país membro é um ataque a todos – até o fim da década. A Moldávia, fora da aliança, também é vista como possível alvo, especialmente após exigências de Moscou para que a OTAN se retire do Leste Europeu.
Na Estônia, a cidade de Narva – com 88% da população de origem russa – é apontada como ponto vulnerável. A Lituânia já traçou plano de evacuação para Vilnius, caso a cidade seja tomada. E a Letônia projeta uma fábrica de munições de grande calibre para abastecimento interno.
Diante da ameaça, cresce o investimento em defesa. A Alemanha agora lidera os gastos militares na Europa Ocidental, com orçamento especial de 100 bilhões de euros para modernizar suas forças armadas. Um relatório dinamarquês de fevereiro alerta que, se a guerra na Ucrânia cessar, a Rússia poderá estar pronta para um novo conflito em até cinco anos.
Enquanto caças da OTAN interceptam aviões russos com frequência próxima às fronteiras da Aliança, a Europa se reestrutura. Estônia, Letônia, Lituânia, Finlândia e Polônia estão formando a chamada “Drone Wall”, uma iniciativa conjunta de defesa com tecnologia não tripulada para vigilância e interceptação.
Especialistas como Serhiy Zgurets alertam que a Rússia já opera em modo de guerra híbrida, incluindo ataques à infraestrutura de comunicação europeia. Ele prevê que, se o ritmo de recrutamento e reconstrução militar russa for mantido, o país pode estar operacionalmente pronto para um novo conflito até 2028.
A escalada parece inevitável. O mundo observa, atento. A questão agora é: a Europa está preparada?