Gabrielius Landsbergis, ex-chanceler da Lituânia, denuncia a inércia da Europa diante da guerra, acusando a coalizão de “dispostos” de apenas produzir comunicados enquanto a Ucrânia sangra.
Em um dos textos mais contundentes já publicados por um político europeu sobre a crise na Ucrânia, Gabrielius Landsbergis, ex-ministro das Relações Exteriores da Lituânia, acusa a Europa de ter se tornado um teatro de intenções sem consequências reais. O site Landsbergis.com escreveu sobre isso aqui.
Segundo ele, após 11 semanas da formação da chamada coalizão dos dispostos ( até hoje ainda não se sabe dispostos a quê???), os resultados concretos são praticamente nulos. O artigo critica diretamente o comportamento de chefes de Estado como Macron, que precisou lembrar aos parceiros que a soberania nacional não requer a aprovação de Putin para apoiar a Ucrânia militarmente — uma lembrança que caiu em ouvidos cautelosos demais. A Polônia, por exemplo, rejeita categoricamente o envio de tropas.
Landsbergis não economiza ironia: sanções paralisantes viraram travesseiros de penas, mísseis Taurus foram colocados e tirados da mesa, e ativos russos congelados ainda são debatidos “se forem legais”, quando, segundo ele, a legalidade já está comprovada há tempos.
E os números falam por si. Dos mil navios da frota sombra da Rússia, apenas 300 foram sancionados. O restante segue gerando lucros para Moscou com petróleo e retornando com moedas estrangeiras. “Putin entende perfeitamente bem como as regras da UE (não) funcionam — e ele não está nem um pouco assustado”, afirma o político.
A crítica mais aguda, no entanto, recai sobre a retomada da cobrança de tarifas sobre a Ucrânia, que resultará em uma perda de mais de € 3 bilhões anuais, ao mesmo tempo em que a ajuda europeia anunciada foi de apenas € 1 milhão — uma contradição gritante para quem se diz comprometido com a resistência ucraniana.
O saldo, segundo Landsbergis?
Sem tropas. Sem armas. Sem ativos. Sem defesa aérea. Sem sanções reais. Sem adesão à UE. E agora, sem Taurus.
Em sua conclusão, ele não deixa margem para dúvidas:
“Tudo o que aconteceu após a Conferência de Segurança de Munique foi um atraso estratégico — um teatro político que tenta dar a aparência de progresso, mas que só reforça o abandono real da Ucrânia.”
E finaliza com a pergunta que deve ressoar entre os líderes europeus — e também em qualquer nação que se diz solidária:
“Vocês realmente tentaram apoiar a Ucrânia?”
Fique ligado na TV Forense para o próximo artigo da série sobre diplomacia e conflitos contemporâneos:
"A Guerra dos Bastidores: Como Trump e Putin Costuram Acordos que Podem Enterrar a Soberania Ucraniana" — uma análise sobre os riscos geopolíticos ocultos nos discursos de cessar-fogo e o jogo duplo das potências.