Negociações entre Ucrânia e Rússia são denunciadas como encenação geopolítica — e os Estados Unidos seriam cúmplices
As negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, realizadas em Istambul, voltaram aos holofotes não por avanços diplomáticos, mas pela contundente crítica do cientista político americano Nicholas Grossman, professor da Universidade de Illinois. Segundo ele, o que se desenrola diante dos olhos do mundo não é um esforço genuíno pela paz — mas sim uma farsa cuidadosamente coreografada, com atores bem definidos e intenções ocultas. lembrou o cientista em sua coluna para a MSNBC
Grossman afirma que o Kremlin, ao exigir que Kiev retire suas tropas de territórios ocupados como pré-condição para um cessar-fogo, transforma qualquer tentativa de diálogo em um jogo de submissão: "Desista primeiro e depois conversaremos". A Ucrânia, por sua vez, insiste que a única base realista para conversas seria o cessar-fogo imediato, rejeitando condições que equivalem a rendição.
No entanto, o ponto mais ácido da análise de Grossman recai sobre o governo dos Estados Unidos — especificamente, o papel de Donald Trump. O ex-presidente, ainda muito influente no cenário político americano, é acusado de encobrir as agressões russas sob o pretexto de uma busca pela paz. Para Grossman, tanto Moscou quanto Trump compartilham o interesse em reformular a narrativa da guerra, livrando o verdadeiro agressor de qualquer responsabilidade.
"A guerra não é um desastre natural. Ela é uma escolha — a escolha de Putin. Negar isso é perpetuar uma mentira perigosa", diz o professor.
A crítica atinge também setores do atual governo americano que, segundo Grossman, culpam a vítima — a Ucrânia — pela continuidade da guerra, desviando o foco da real ameaça: a estratégia expansionista da Rússia.
O Grande Teatro de Istambul
No centro do enredo, a rodada de negociações realizada em 16 de maio em Istambul contou com ameaças e imposições russas, sob o comando do assessor de Putin, Vladimir Medinsky. A proposta de um encontro entre Zelensky e Putin chegou a ser ventilada, mas logo desidratada pelas condições absurdas apresentadas por Moscou — o tipo de exigência que inviabiliza qualquer tentativa de paz honesta.
Grossman encerra sua análise com um alerta contundente: os três principais atores — Rússia, Estados Unidos (sob influência de Trump) e até a própria Ucrânia — participam, por diferentes razões, de um jogo perigoso de ilusão diplomática. O preço dessa encenação é pago em vidas humanas e em territórios devastados.
Fonte da análise: Nicholas Grossman, professor da Universidade de Illinois, em artigo para a MSNBC
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