Entre a linha de frente e o amor, a história de um brasileiro que arriscou a vida na Ucrânia expõe dilemas de coragem, burocracia e direito internacional.
A guerra na Ucrânia transformou a vida de Guilherme Ribeiro, um brasileiro de 49 anos que deixou São Paulo para lutar ao lado dos ucranianos desde 2022. Ferido duas vezes em batalhas intensas, sobreviveu a explosões que lhe deixaram mais de 200 fragmentos no corpo. Apesar das marcas físicas e emocionais, ele não se considera um sobrevivente apenas, mas alguém que encontrou na luta um propósito maior: a defesa da liberdade. Glavcom escreveu sobre isso aqui.
Ex-soldado do Exército brasileiro, instrutor de combate e apaixonado por história militar, Guilherme chegou ao front movido pela indignação contra a invasão russa. “Não fui pela promessa de salário, fui pela justiça”, afirma. Hoje, integra a Segunda Legião Internacional e atua como operador de drones, uma função que reflete a nova realidade dos campos de batalha.
Entre trincheiras e hospitais, nasceu também uma história de amor. Durante sua reabilitação em Cherkasy, conheceu Olesya, voluntária que dedicava tempo e recursos a soldados feridos. O que começou com um simples pedido de carregador de celular se transformou em companheirismo, paixão e planos de casamento. “Planejamos nos casar no outono. Ela me ensinou até a cozinhar borscht”, conta o brasileiro, que já se sente parte da família da futura esposa.
Mas sua batalha vai além da guerra: Guilherme aguarda há mais de um ano o reconhecimento da cidadania ucraniana. A nova lei que permite dupla nacionalidade para estrangeiros voluntários ainda não saiu do papel, deixando heróis estrangeiros presos à burocracia. “Enquanto alguns ucranianos fogem do dever, nós, estrangeiros, damos o sangue e ainda precisamos provar que queremos ser cidadãos”, critica.
Quem é Guilherme Ribeiro?
Idade: 49 anos
Origem: São Paulo, Brasil
Formação: Ex-soldado do Exército Brasileiro, instrutor de combate
Chegada à Ucrânia: 2022, nos primeiros meses da guerra em larga escala
Ferimentos: Baleado na perna e, depois, gravemente atingido na floresta de Serebryansk (mais de 200 fragmentos retirados do corpo)
Unidade atual: Segunda Legião Internacional – operador de drones
Família: Pai de Sara (17), no Brasil; noiva de Olesya, voluntária ucraniana
Planos: Casar-se no outono e conquistar cidadania ucraniana
Fé e rituais: Cristão, ora antes das batalhas
Frase marcante: “Estou vivo por causa dos meus irmãos de combate. E lutarei até o fim.”
Com fé cristã, disciplina militar e um coração dividido entre sua filha Sara, no Brasil, e sua nova vida na Ucrânia, Guilherme resume sua trajetória com uma frase simples, mas poderosa: “Estou vivo por causa dos meus irmãos de combate. E lutarei até o fim.”