Doutor? Com Doutorado Sim, sem Doutorado, Não! — Hora de rever uma tradição que virou hábito

Publicado por: Feed News
09/10/2025 23:11:02
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Uso do título “Doutor” no Brasil mistura tradição e equívoco — hora de resgatar o verdadeiro mérito acadêmico. / Ideia
Uso do título “Doutor” no Brasil mistura tradição e equívoco — hora de resgatar o verdadeiro mérito acadêmico. / Ideia

Entre tradição, cortesia e mérito acadêmico, o título “Doutor” no Brasil reflete uma confusão cultural que atravessa gerações — e que talvez precise ser revista.

 

A palavra “Doutor” no Brasil é um caso curioso. Poucos termos carregam tanto peso simbólico e, ao mesmo tempo, tanta confusão. Advogados e médicos são chamados de “Doutor” por tradição, mesmo sem possuírem o título acadêmico de doutorado. Já quem de fato conclui um doutorado — com tese defendida e título reconhecido — muitas vezes é invisibilizado por uma etiqueta social que se tornou automática.

 

De onde vem essa tradição

No Brasil Colônia e no Império, o curso de Direito era um privilégio das elites. Os bacharéis formados eram tratados como “Doutores” em respeito à posição social e intelectual que ocupavam. O mesmo ocorreu com os médicos, cuja formação representava status e prestígio em uma sociedade de baixa escolaridade.
O título, portanto, não nasceu do mérito acadêmico, mas de um gesto de distinção e reverência.

 

A diferença entre título e tratamento

O doutorado é um grau acadêmico formal — concedido a quem conclui um curso de pós-graduação stricto sensu, apresenta e defende uma tese inédita diante de uma banca. O “Dr.” que acompanha o nome nesse caso é legítimo, fruto de esforço científico e mérito intelectual.
Já no cotidiano brasileiro, o termo passou a ser usado como cortesia profissional, não como reconhecimento acadêmico. Assim, “Dr. Fulano”, advogado ou médico, tornou-se uma saudação social e não uma designação de grau.

 

Advogados e médicos: tradição e respeito

No meio jurídico, tratar um advogado como “Doutor” é quase uma norma de etiqueta. O mesmo vale para médicos, que são socialmente identificados com esse tratamento. A recusa em usar o título pode soar desrespeitosa, ainda que não exista respaldo legal para tal exigência.
Trata-se, portanto, de uma questão de costume — e não de direito.

 

Hora de atualizar o costume

O uso automático de “Doutor” pode soar anacrônico em uma sociedade mais igualitária e informada. Chamar de “Senhor”, “Senhora”, “Professor” ou “Professora” é igualmente respeitoso e mais preciso. Reservar o “Doutor” a quem realmente possui o título acadêmico é uma forma de valorizar a pesquisa e o conhecimento científico.
Não se trata de desrespeitar profissões tradicionais, mas de restaurar o verdadeiro sentido do termo.

Resumo prático

Profissão ou Grau Deve ser chamado de “Doutor”? Motivo
Advogado (bacharel) Sim, por tradição Convenção social e histórica
Médico (bacharel) Sim, por tradição Respeito social e histórico
Portador de Doutorado (PhD) Sim, por mérito acadêmico Título formal e legítimo
Outros bacharéis Não necessariamente A menos que possuam doutorado

 

Conclusão

O uso do título “Doutor” no Brasil revela mais sobre a cultura do que sobre a hierarquia de conhecimento. É hora de reconhecer o mérito onde ele realmente existe — e entender que respeito não depende de títulos, mas de conduta e competência.
No fim das contas, ser “Doutor” é mais do que um pronome de tratamento. É um compromisso com o saber e com a verdade.

 

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