A Terceira Guerra Mundial Já Está em Curso – e o Mundo Ignora
O palco dos conflitos globais, envolvendo guerras abertas e ações quase militares, agora se estende por seis dos 24 fusos horários da Terra. A Terceira Guerra Mundial, embora não formalmente declarada, já está em andamento. Seu início pode ser traçado desde a invasão da Crimeia pela Rússia em 2014 e, mais recentemente, com a ofensiva em larga escala contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022. No entanto, esse fato é amplamente ignorado, inclusive pelos candidatos à presidência dos Estados Unidos.
O renomado colunista George F. Will, vencedor do Prêmio Pulitzer, chama a atenção para essa realidade negligenciada. Ele lembra que o envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial começou, de forma semelhante, com patrulhas navais "agressivas" no Atlântico Norte, apoiando indiretamente a Grã-Bretanha, antes mesmo da entrada oficial na guerra. Ele escreveu isso em sua coluna no The Washington Post
Will observa que o envolvimento americano na Terceira Guerra Mundial também já está em curso, antes mesmo da recente decisão de enviar sistemas de defesa antimísseis avançados para Israel e um contingente de 100 soldados para operá-los. Os Estados Unidos fornecem inteligência e armamento tanto para Israel quanto para a Ucrânia, porque, assim como a Grã-Bretanha em 1940, esses países lutam por sua sobrevivência — e pela preservação da civilização ocidental, argumenta o colunista.
Além disso, há o envolvimento da Coreia do Norte, cujos engenheiros militares estão colaborando com a Rússia no lançamento de mísseis balísticos contra a Ucrânia. Há relatos de perdas entre as tropas norte-coreanas, eliminadas durante ataques em território russo. Este cenário coloca a guerra numa dimensão global, com pontos de conflito desde as fronteiras ocidentais da Rússia até as águas disputadas no Pacífico, onde a China desafia agressivamente a soberania das Filipinas.
O autor compara este cenário com a "tempestade que se aproxima", título do primeiro volume das memórias de Winston Churchill sobre a Segunda Guerra Mundial, sugerindo que estamos à beira de um conflito de proporções ainda maiores.
Contudo, apesar dessa escalada, os candidatos presidenciais dos EUA demonstram o que Will classifica como uma "imprudente indiferença" à crescente crise global. Poucos, se é que algum, expressaram qualquer consciência clara do que está acontecendo, quanto mais ofereceram reflexões sérias sobre as implicações globais dessa conflagração.
Will afirma que a reputação da administração Biden-Harris será marcada mais por sua resposta a essa crise internacional do que por questões econômicas internas. Ele também menciona o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, aliado de Putin, que se opõe à ajuda militar à Ucrânia e que visitou o ex-presidente Donald Trump duas vezes em menos de quatro meses, o que evidencia o alinhamento geopolítico em jogo.
Outras Perspectivas Sobre a Terceira Guerra Mundial
O filósofo e jornalista francês Bernard-Henri Lévy é outro que defende que o mundo já se encontra em uma nova guerra global. Segundo ele, as principais frentes deste conflito são a Ucrânia e Israel, com Taiwan prestes a se tornar um terceiro campo de batalha iminente.
Petr Chernik, coronel da reserva das Forças Armadas da Ucrânia e especialista militar, também compartilha desta visão. Ele afirma que o sistema de relações internacionais estabelecido em Yalta após a Segunda Guerra Mundial foi completamente desmantelado. Para Chernik, a Terceira Guerra Mundial se caracteriza como uma batalha pelo poder entre democracias e regimes autoritários, e a vitória dependerá de quem estiver melhor preparado para enfrentar os desafios.