Após bloqueio no Senado, Donald Trump se prepara para assinar decreto que impõe sanções ao TPI, em resposta a investigações que envolvem os EUA e Israel.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está se preparando para assinar um decreto que impõe sanções contra o Tribunal Penal Internacional (TPI), em resposta a investigações que afetam os Estados Unidos e seus aliados, incluindo Israel. Essa medida surge após um movimento fracassado no Senado, quando os democratas bloquearam uma tentativa republicana de impor sanções contra o TPI, como protesto ao mandado de prisão expedido contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Galant.
O TPI, que tem como objetivo investigar e processar crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídios, não se manifestou publicamente sobre a situação até o momento. Contudo, fontes não identificadas relataram à Reuters que, em janeiro, o TPI tomou medidas preventivas para proteger seus funcionários de possíveis sanções financeiras. De acordo com essas fontes, os trabalhadores do tribunal receberam seus salários com três meses de antecedência, visando a mitigação de impactos financeiros caso as sanções fossem implementadas.
Este movimento é um novo capítulo na relação conturbada entre os Estados Unidos e o TPI. Durante seu mandato presidencial, Trump já havia imposto sanções à promotora Fatou Bensouda e a um de seus principais assessores, como resposta à investigação do TPI sobre possíveis crimes de guerra cometidos pelas tropas americanas no Afeganistão. Na época, ele argumentou que o tribunal não tinha jurisdição sobre os EUA e que suas ações eram uma ameaça à soberania do país.
A nova decisão de Trump reflete sua contínua oposição ao Tribunal Penal Internacional, cujas investigações sobre as ações de seus aliados têm sido vistas com desconfiança por parte do governo dos EUA. Enquanto a comunidade internacional observa, a medida pode aumentar ainda mais a tensão entre os Estados Unidos e instituições jurídicas internacionais que buscam responsabilizar líderes por violações dos direitos humanos.
A Preocupação com a Existência do TPI
Em dezembro de 2024, a presidente do TPI, juíza Tomoko Akane, alertou que sanções contra o tribunal poderiam prejudicar suas operações e comprometer sua própria existência. Ela destacou que as medidas punitivas, ao minar a independência financeira do TPI, poderiam afetar a capacidade da instituição de processar casos de grande importância internacional.
A iminente assinatura do decreto por Trump, portanto, se insere em um contexto maior de desafios à autoridade do TPI, colocando em risco sua independência financeira e seu papel na justiça internacional.
Conclusão: O Impacto das Sanções e os Desafios para o TPI
As sanções propostas por Trump não são novidade, mas refletem a postura contínua do governo dos EUA contra o Tribunal Penal Internacional. Ao enfraquecer a capacidade do TPI de operar de maneira independente, as sanções podem prejudicar ainda mais a eficácia do tribunal em garantir a justiça para vítimas de crimes graves no cenário global. Enquanto os Estados Unidos se preparam para tomar essa ação, a comunidade internacional continua a observar as repercussões dessa medida e seus efeitos sobre a governança global dos direitos humanos.