DIREITO INTERNACIONAL
A Diplomacia em Novo Tom? O Significado por Trás das Palavras
A recente conversa telefônica entre Donald Trump e Vladimir Putin gerou grande repercussão internacional, com análises apontando possíveis mudanças na postura dos Estados Unidos em relação à Rússia. O especialista Alexander Baunov, membro sênior do Centro Carnegie de Berlim para Estudos da Rússia e da Eurásia, conduziu uma análise detalhada do relatório publicado por Trump em sua rede social no dia 12 de fevereiro, identificando elementos que indicariam um tom conciliador em relação ao líder russo.
A Mudança de Discurso e Suas Implicações
Historicamente, líderes americanos adotaram uma postura moderada ao lidar com governantes autoritários como Putin. No entanto, Baunov destaca que Trump posicionou o presidente russo não como um instigador de conflitos, mas como um pacificador. Esse tom sugere uma abordagem que difere da linha diplomática tradicional dos Estados Unidos.
Por décadas, Putin tem proposto alianças aos Estados Unidos para enfrentar inimigos comuns, como o terrorismo islâmico, pirataria somali e crises globais. Segundo Baunov, o atual cenário desafia essa narrativa, pois a Rússia se encontra como principal adversária do Ocidente. No entanto, o relatório de Trump sobre a conversa telefônica apresenta a guerra como um desafio conjunto a ser superado, similar a crises globais como a pandemia de COVID-19.
Elementos de Concessão e Reposicionamento Geopolítico
A análise linguística de Baunov identifica onze pontos no discurso de Trump que poderiam ser interpretados como sinais de aproximação com Putin:
Tom positivo sobre a conversa: Trump descreveu a conversa como "longa e altamente produtiva".
Prioridade para a Ucrânia: A menção à Ucrânia logo no início do discurso sugere que este é o principal tema nas relações EUA-Rússia.
Inclusão do Oriente Médio: Essa abordagem amplia a relevância de Putin nos assuntos globais.
Energia: O tema pode representar um ponto de equilíbrio ou tensão entre os dois líderes.
Inteligência Artificial: Tópico de interesse para ambos os países, podendo refletir discussões sobre regulação e avanços tecnológicos.
Dólar e sanções: Debate sobre como as sanções impostas à Rússia impactam a moeda americana.
História compartilhada: Trump destacou a colaboração entre EUA e Rússia na Segunda Guerra Mundial, um argumento frequentemente usado por Putin para reforçar sua narrativa histórica.
Possíveis visitas diplomáticas: Uma visita de Trump à Rússia seria um importante gesto diplomático.
Menção à Ucrânia de forma inclusiva: O uso da expressão "nós" em relação à Ucrânia sugere alinhamento entre Trump e Putin sobre o tema.
Nomeação de negociadores: A equipe de negociação anunciada por Trump exclui um enviado especial para a Ucrânia.
Redistribuição de responsabilidades: Trump desloca a responsabilidade pelo conflito de Putin para a administração Biden.
Conclusão
A análise de Baunov sugere que, por meio de sua escolha de palavras e tom, Trump buscou legitimar Putin como um "parceiro na resolução do conflito na Ucrânia", em contrapartida às abordagens mais rígidas adotadas por administrações anteriores. A interpretação desses sinais linguísticos levanta questões sobre o possível impacto dessa postura na política externa dos Estados Unidos e nas relações com seus aliados europeus.